quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

História da Social-Democracia



O Aparecimento do PPD/PSD e da JSD

A Social-Democracia está intrinsecamente relacionada com o aparecimento da Revolução Industrial. Esta corrente ideológica tem, claramente, a sua raiz no pensamento Marxista. É, contudo, necessário entender que este é em nada coincidente com o Comunismo, ou Socialismo Real. Para Marx, o ‘motor da história’ era a economia, ou melhor, a disponibilidade de bens materiais acessíveis a duas classes sociais, Burguesia e Operariado. Este autor considerava ainda que, o emergente capitalismo, era o sistema de produção económico mais eficaz até então experimentado. De facto, ao longo do prefácio do ‘Manifesto Comunista’ encontram-se os maiores elogios alguma vez tecidos ao Capitalismo.

Isto em nada é estranho já que, segundo o pensamento Marxista, o Capitalismo é um passo em direcção ao Socialismo. Através deste, é possível alargar de forma exponencial o conjunto de bens e serviços à disposição de uma sociedade, de um país, de uma economia. O Socialismo, assim definido, é mais do que uma doutrina política: é um sistema económico.

Porém, defendia Marx, que o capitalismo encerrava em si a semente da sua própria destruição, dado que, permitia a exploração dos trabalhadores e a alienação do produto do seu trabalho. Neste sentido, a Burguesia e o Operariado tinham interesses inconciliáveis, a ruptura do sistema iria, logicamente, ser em favor da classe mais forte, o Operariado.

Contrariando todo o seu pensamento, Marx em conjunto com Engels, deteve-se a escrever o ‘Manifesto do Comunismo’. Nele lançavam-se as bases de um sistema económico e político, que, não herdeiro do capitalismo faria a transição para o Socialismo. A evidente contradição consiste em que, se o Capitalismo é necessário para a emergência do Socialismo, então, este não pode ter data marcada, origem diferente ou ser imposta por uma revolução. Se o comunismo alguma vez fosse bem sucedido então Marx estaria errado.

A Primeira Internacional Socialista ocorreu tendo por base este documento. Reuniram-se, neste evento, todas as correntes socialistas do mundo. O Comunismo não foi, contudo, aceite universalmente e assim se separaram duas linhas de pensamento: uma linha revolucionária e uma linha reformista, que acreditava que o socialismo era possível através da reforma das instituições capitalistas.

A clivagem foi definitivamente marcada pela Segunda Internacional Socialista. Organizada e participada apenas pela linha reformista, lançou as bases para o aparecimento do Socialismo e da Social-Democracia , tal como são hoje conhecidos.

Depois da 2ª Grande Guerra, estas linhas vão-se afastando gradualmente e, por isso, não é de estranhar que muitos partidos europeus, denominados de Sociais-Democratas são de facto socialistas e, diferentes de outros partidos também Sociais-Democratas.

A diferença, entre uns e outros, consiste basicamente no conceito de Justiça e no conceito de Igualdade. Assim, enquanto que a corrente Social-Liberal acredita que a verdadeira justiça está nas regras, i.e., regras justas e iguais para todos, permitindo que seja a sociedade a avaliar o talento e o mérito de cada indivíduo os partidos Socialistas percebem a justiça como estando no resultado, e assim, legitimam a intervenção constante na sociedade de forma a tentarem manipularem o resultado que consideram desejável, igualitário. No fundo, a diferença consiste em que a Social-Democracia defende a Igualdade à partida ao passo que os partidos Socialistas defendem a Igualdade à chegada, confundindo assim Igualdade com Igualitarismo.

É neste contexto europeu que a 6 de Maio de 1974 surge o PPD. Fundado com uma base de três linhas de pensamento distintas embora complementares. Uma linha Católica-Social, nascida entre 55 e 65 como reacção contra o corporativismo de estado; uma linha Social-Liberal, ligada à social democracia defensora da democratização do Estado Novo e ligada ideologicamente à ‘ala liberal’ e, finalmente, uma linha Tecnocrática-Social, com preocupações mais ligadas ao desenvolvimento económico, privilegiando mudanças sociais e culturais como meio determinante de promover e alargar a democracia.